Vereadora Juliana Cardoso sofre ataque machista em rede social
Vereadores ameaçam mandato feminista e dizem que é preciso ter “colhão” para exercer vereança na Câmara de São Paulo
Publicado: 11 Junho, 2021 - 09h10
Escrito por: Redação

A vereadora Juliana Cardoso (PT) foi vítima de um ataque machista e misógino por uma rede social em que exercia seu direito legítimo de se comunicar com a população paulistana.
O ataque foi assinado pessoalmente pelo vereador bolsonarista Rinaldi Digilio (PSL), que chegou a pedir para que a vereadora não se “não se empulere em cima de nada” caso um de seus projetos, em discussão na Casa, seja aprovado. O termo faz uma referência machista e misógina antiga e não é novidade para os mandatos de mulheres feministas nos parlamentos brasileiros.
“O Mobral não existe mais, mas se precisar, tenho ótimos professores que podem ajudar”, diz o vereador, ao exigir que Juliana “aprenda a ler, interpretar ou faça sua equipe aprender”.
Na mensagem, postada na noite do último dia 8 de junho nas redes de Juliana, Digilo faz ameaça de cassação de seu mandato, “caso o problema não seja o analfabetismo e seja só má intenção, acho que terá problemas quando acionar a Corregedoria da Câmara” e cita outro parceiro de práticas machistas nas discussões do parlamento municipal, o vereador Felipe Becari (PSD), que preside atualmente a Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher da Câmara. Becari, dono de um imenso público nas redes sociais, chegou a dizer em uma das reuniões da Comissão, que a vereadora falava de mais e, em outra oportunidade, em que exercia o papel de mediador dos debates, afirmou em referência ao mandato da petista que é preciso ter “colhão” para exercer o cotidiano da vereança.
Estes discursos machistas têm sido expostos cotidianamente nas redes da vereadora, o que tem irritado a bancada de extrema direita.
Entre as ações que Juliana vêm liderando para enfrentar violências como as que ela própria, suas companheiras da bancada de mulheres e seu mandato sofrem, está o Projeto de Resolução (PR) 31/2021 que altera o regimento da Casa e inclui a violência política de gênero como quebra de decoro parlamentar, o que viabilizaria a cassação de mandatos com práticas misóginas e machistas.
É esta postura combativa da vereadora incomoda os conservadores. Também o fato de mulheres ocuparem espaços cada vez maiores na Câmara da maior capital do país, e exporem as velhas e retrógradas maneiras como são tratadas na cidade que, se diz, a locomotiva do Brasil.
O mandato da vereadora e seus apoiadores não se calarão diante das ameaças. E seguirá em frente, abrindo caminhos para a participação de mais mulheres na política.