Transfobia é crime!
Para a CUT-SP, agressão a aluna trans em escola de Mogi das Cruzes não pode ficar só na lamentação
Publicado: 14 Fevereiro, 2022 - 17h51 | Última modificação: 14 Fevereiro, 2022 - 17h56
Escrito por: CUT São Paulo

A Central Única dos Trabalhadores de São Paulo lamenta e repudia o caso de violência transfóbica ocorrido na Escola Estadual Galdino Pinheiro Franco, em Mogi das Cruzes (SP), no dia 9 de fevereiro.
No local, uma agressão ocorreu após uma estudante trans de 16 anos ser humilhada e desrespeitada ao ser chamada pelo pronome masculino. A aluna já sofria constantes ataques discriminatórios na escola, mas nesse dia, ao tentar se defender, ela começa a receber uma série de socos e chutes realizados por outro estudante. Nesse momento, uma briga generalizada se inicia por todo o ambiente escolar.
Um vídeo que mostra o momento da confusão viralizou nas redes sociais, expondo a situação de barbárie e de abandono que se encontra o que era para ser um espaço de aprendizado e respeito. Nas imagens, os poucos profissionais da escola são insuficientes para conseguir interromper a briga.
E parte desse descaso deve ser atribuído ao trato do governo estadual de São Paulo ao setor de Educação. A Escola Estadual Galdino Pinheiro Franco, inclusive, foi uma das primeiras unidades a ter implementado o Programa de Educação Integral (PEI), do governador João Doria (PSDB), sem que tenha havido um amplo debate sobre o projeto e, sobretudo, sem o reforço das equipes de apoio escolar. Além disso, pais e alunos relataram à imprensa que a estrutura física dessa escola é degradante e que brigas são comuns no local.
No caso específico da violência à aluna trans, fica mais uma vez evidente que já passou do momento de se discutir, no ambiente e na comunidade escolar, o respeito à diversidade e à população LGBTQIA+. Para a aluna agredida, as marcas desse ataque serão sentidos por toda sua vida. À família, ela já relatou que não quer voltar a estudar na unidade ‘nunca mais’.
Um relatório da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), de 2016, relatou que 73% dos alunos e alunas sofreram algum tipo de agressão na escola por causa de sua orientação sexual. Não há dúvidas que com o aumento dos casos de ódio e discriminação no país, essa porcentagem, em tempos atuais, já é maior.
Para a CUT-SP, esse caso não deve ficar somente no campo das lamentações por parte dos governos e de suas secretarias estaduais. Exigimos ações concretas para impedir outras atitudes violentas nas escolas e declaramos todo o apoio à população LGBTQIA+ nessa luta. Transfobia é crime!
Direção da CUT São Paulo
14 de fevereiro de 2022