SP: Trabalhadores se acorrentam em prédio dos Correios e greve ganha novas adesões
Dirigentes de sindicatos CUTistas fazem avaliação positiva do primeiro dia de paralisação da categoria; Em Ribeirão Preto, polícia foi chamada para negociar com manifestantes em centro de distribuição
Publicado: 19 Agosto, 2020 - 12h22 | Última modificação: 19 Agosto, 2020 - 12h26
Escrito por: Rafael Silva - CUT São Paulo

O primeiro dia de greve nacional dos trabalhadores e trabalhadoras nos Correios teve forte adesão da categoria no estado de São Paulo. Desde às 0h de terça-feira (18), a categoria tem feito manifestações em diversos locais para pressionar a direção da estatal a negociar.
A paralisação é contra a retirada de direitos, a privatização da empresa e a negligência dos gestores dos Correios com a saúde dos trabalhadores em relação à Covid-19. A direção da estatal tem se negado a negociar e surpreendeu os trabalhadores ao revogar, no dia 1º de agosto, o atual Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que estaria em vigência até 2021.
“Logo no primeiro dia tivemos unidade (dos Correios) que chegou a 97% de paralisação. Outras unidades com 80%, 65% e 40%. Inclusive agências de atendimento, que não costumam paralisar, pararam também. Os trabalhadores estão muito revoltados com as retiradas que a direção da estatal quer fazer. Por isso, em nossa avaliação, a greve começou forte e os trabalhadores que ainda não aderiram vão se unir ao movimento aos poucos”, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios da Baixada Santista (Sintect Santos), José Antônio.
O dirigente espera que ainda nesta quarta-feira (19) o movimento paredista alcance toda a categoria, já que muitas cidades registraram paralisações. “Tivemos forte adesão no Vale do Ribeira e outras regiões próximas, o que demostra unidade e o forte recado de que, enquanto a empresa não recuar, ficaremos parados por tempo indeterminado”, completa José. De acordo com estimativas dos sindicatos filiados à Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares), 70% dos trabalhadores aderirem à greve.
Centro de distribuição
Já em Ribeirão Preto, os trabalhadores pararam o principal centro de distribuição de objetos dos Correios na região, o Centro de Tratamento de Cargas e Encomendas (CTCE) em Lagoinha, onde são remanejados cerca de 500 mil objetos por dia, que atende 92 cidades.
Por lá, alguns trabalhadores se acorrentaram na grade do local, ainda pela madrugada de terça, como forma de chamar a atenção sobre os ataques que a empresa tem promovido.
No momento em que a reportagem da CUT-SP conversava por telefone com Oseias Vieira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios na Região de Ribeirão Preto (Sintect-RPO), a Polícia Militar chegou ao local para negociar a saída dos trabalhadores da frente do prédio, situação que causou tumulto. Antes disso, o dirigente falava sobre a adesão na região, avaliada como positiva.

“Os trabalhadores da nossa região cruzaram os braços contra os ataques do governo à categoria. E não falamos só de uma questão financeira, mas também de uma questão de saúde, pois mais de 100 companheiros nossos já perderam a vida prestando serviços durante a pandemia por conta do contágio, e a empresa nos ataca retirando até o nosso protetor solar, que previne contra o câncer de pele, que também nos atinge muito”, alerta Vieira.
Ele recorda que nesse momento de pandemia do coronavírus, as medidas de isolamento fizeram aumentar as compras online, criando uma alta demanda para os Correios – que viu seu faturamento crescer 50%. “É inadmissível que a empresa aumente o seu faturamento e queira diminuir o valor do salário dos trabalhadores e retire benefícios. Perdemos o adicional de periculosidade e tantos outros direitos que, somados, a categoria deixa de receber de 30% a 40% dos rendimentos. Nossa luta não é por aumento salarial, mas pela manutenção do que conquistamos”, diz.