Seminário discute mineração, ciência e ponto de inflexão climática
Publicado: 03 Novembro, 2025 - 17h46 | Última modificação: 04 Novembro, 2025 - 10h11
Escrito por: CUT São Paulo
A segunda mesa do 3º Seminário Sindicalismo e Meio Ambiente, realizada nesta segunda-feira (3), reuniu reflexões urgentes sobre a exploração mineral, o desmonte da pesquisa científica e os limites da sobrevivência humana diante das emergências climáticas. A atividade integra o evento promovido pela Secretaria de Meio Ambiente da CUT-SP e pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Paulo (Sindsep-SP), no contexto das mobilizações rumo à COP30, que ocorrerá em 2025, em Belém (PA).
Mediada por Solange Ribeiro, secretária de Meio Ambiente da CUT-SP, a mesa contou com a presença de João Trevisan, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Helena Dutra Lutgens, presidenta da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), e Fábio Buonavita, superintendente do IBAMA em São Paulo.
Trevisan destacou que o setor mineral, apesar de seu peso econômico e do número expressivo de empregos diretos e indiretos — cerca de 231 mil e 832 mil, respectivamente —, segue dominado por interesses empresariais e estrangeiros. Ele chamou atenção para a falta de soberania nacional sobre recursos estratégicos, como o nióbio e os chamados minerais críticos, essenciais para a produção de tecnologias.

“O governo brasileiro não tem controle sobre o nióbio. São as empresas que tratam disso. E isso mostra como nossa riqueza mineral está sendo entregue, sem planejamento e sem retorno real para o povo brasileiro”, afirmou Trevisan.
A pesquisadora Helena Dutra Lutgens trouxe um alerta sobre o enfraquecimento das instituições públicas de ciência e tecnologia no estado de São Paulo. Segundo ela, a falta de servidores, de orçamento e de investimentos tem comprometido o papel do Estado na produção científica e na proteção ambiental. “O Jardim Botânico, que é um espaço histórico de pesquisa e conservação, virou palco de festivais de luzes, enquanto laboratórios e projetos de pesquisa ficam sem recursos e sem pessoal”, criticou.
A participação de Helena na atividade ocorre no mesmo dia em que o governador Tarcísio de Freitas sanciona uma lei que modifica a carreira de pesquisadores em São Paulo, criando uma insegurança jurídica. A nova lei prejudica a qualidade do trabalho dos pesquisadores ao extinguir o Regime de Tempo Integral, que permitia que os servidores e as servidoras se dedicassem inteiramente às atividades de pesquisa científica.

Encerrando a mesa, Fábio Buonavita, do IBAMA, reforçou que o planeta já vive um “ponto de inflexão”, em que os efeitos das mudanças climáticas ameaçam diretamente a sobrevivência humana.
“Estamos chegando a um ponto de não retorno. Essa distopia que vemos em filmes e séries pode já estar entre nós, com a incapacidade de plantar, de ter água e de viver de forma digna. De nada adiantará termos emprego se não tivermos vida”, alertou.
O 3º Seminário Sindicalismo e Meio Ambiente segue nesta terça, 4, com o objetivo de construir respostas da classe trabalhadora às crises ambientais e ao modelo de desenvolvimento predatório, reafirmando o compromisso da CUT-SP com a justiça climática, a soberania nacional e a defesa da vida.
