Ribeirão Preto: Avanço da esquerda nas eleições fortalece luta no interior paulista
Avaliação foi feita em plenária da subsede da CUT-SP, em preparação ao 16º Congresso Estadual da Central
Publicado: 12 Junho, 2023 - 14h51 | Última modificação: 04 Julho, 2023 - 15h05
Escrito por: Rafael Silva - CUT São Paulo

Sindicalistas participantes de encontro da CUT-SP em Ribeirão Preto concordam que, apesar do interior de São Paulo ter dado os votos necessários para a direita vencer no estado, as eleições de 2022 mostraram que o campo popular e progressista pode ser retomado na região.
Essa avaliação foi feita durante a Plenária da subsede CUT, realizada na sexta-feira, 23 de junho, no espaço do SindSaúde-SP, no Jardim Independência, em Ribeirão Preto. O objetivo do encontro é preparar os sindicalistas para o 16º Congresso Estadual da Central (CeCUT), previsto para agosto, além de discutir a situação geopolítica das cidades e desafios regionais.
Pela direção da CUT-SP, estiveram o secretário-geral, Daniel Calazans, o secretário de Administração e Finanças, Renato Zulato, e o coordenador da subsede em Ribeirão Preto, Edson Fedelino. Os dirigentes apresentaram os eixos que serão discutidos no Congresso.
Já a mesa de conjuntura foi conduzida pelo presidente do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) de Ribeirão Preto, Jorge Souza Roque, pela vice-presidenta do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Franca e Região (Sindserv Franca), Marisol Silvério, e por Osvaldo Bezerra, o Pipoka, do Sindicato dos Químicos de São Paulo, que falaram da oportunidade de mudança no interior, de maioria conservadora.
No entanto, nas eleições de 2022, a candidatura de Lula para a Presidência da República venceu em 83 cidades paulistas – ante 14 em 2018-, apontando para uma recuperação importante em territórios do interior. A disputa pelo governo de São Paulo também trouxe um resultado inédito, com a ida de Fernando Haddad para o segundo turno, em parte graças à atuação dos movimentos sociais e sindical na região. Lula e Haddad foram as duas candidaturas competitivas que se comprometeram e dialogaram com as centrais sindicais.
Esse cenário de mudança trouxe ânimo para as lideranças locais, que já iniciaram um trabalho para ampliar esse resultado em benefício da classe trabalhadora, na busca pelo aumento do número de representantes nas câmaras municipais em oposição a diversas prefeituras alinhadas ao governador Tarcísio de Freitas (REP), que toca uma política de privatizações e ataques aos serviços públicos.
Outro ponto em grande debate na plenária foi em torno da sustentação financeira dos sindicatos do interior, onde muitas das entidades são pequenas ou funcionam como extensões de base estadual, caracterizadas como subsedes. Dessa forma, as principais decisões políticas e contribuições financeiras se concentram na capital paulista, deixando os sindicatos do interior com poucos recursos para suas estruturas. De acordo com os participantes, isso dificulta parte da mobilização local.
Conjuntura regional
Outro momento reservado na atividade era sobre a situação dos municípios locais, como em Ribeirão Preto, onde a moradia é um dos problemas na cidade. O atual prefeito Duarte Nogueira (PSDB) tem promovido várias reintegrações de posse de terrenos que estavam sem uso pelos proprietários, deixando famílias desabrigadas sem nenhuma contrapartida da gestão municipal. A cidade também tem assistido ao aumento no número de pessoas em situação de rua.
No município, o setor de serviços é o responsável pela retomada dos empregos, que registrou nos primeiros quatro meses de 2023 a criação de 3.390 novas vagas, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Apesar disso, relatam os sindicalistas, o baixo salário desses empregos faz com que aumente a desigualdade entre trabalhadores e ricos.
“Ainda assim, entendemos que o governo Lula tem melhorado a vida das pessoas com as medidas iniciais de seu mandato. Sabemos, também, que ainda levará um tempo para alcançar uma melhora significativa e é preciso ter calma. É que depois de anos de retrocessos no país, ficamos com muitas expectativas”, diz Edson Fedelino, coordenador da subsede da CUT-SP em Ribeirão Preto.
O ciclo de plenárias promovido pelas subsedes estão ocorrendo desde o dia 24 de maio. A última acontecerá em São Paulo, no dia 5 de julho.