Projeto Brasil em 200 Nomes resgata luta dos trabalhadores desde a Independência
No ano do bicentenário da Independência do Brasil, Centrais Sindicais homenageiam personalidades do campo progressista que contribuíram para o fortalecimento da democracia
Publicado: 16 Agosto, 2022 - 11h37 | Última modificação: 16 Agosto, 2022 - 11h58
Escrito por: Rafael Silva - CUT São Paulo, com informações do Centro de Memória Sindical

Já está disponível no site do Centro de Memória Sindical uma seleção de 200 personalidades que tiveram impacto positivo na vida dos trabalhadores e das trabalhadoras desde 1822. Batizado de Brasil em 200 Nomes, o projeto foi lançado na última segunda-feira, 15, em evento na Câmara Municipal de São Paulo.
O número 200 faz referência ao bicentenário da Independência do Brasil, que será comemorado no próximo dia 7 de Setembro, e todo o trabalho de pesquisa e curadoria foi realizado pela equipe do Centro de Memória Sindical com o apoio das centrais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB.
Entre os nomes que compõem a lista estão personalidades do campo progressista das mais diferentes áreas, desde a política, cultura, esporte, até o trabalho, com nomes conhecidos pelo público, como Chiquinha Gonzaga e Zuzu Angel, e também aqueles que merecem projeção pela luta que fizeram, como os ferroviários Raphael Martinelli e Demistóclides (Batistinha).
Ao ler a lista, feita por ordem de nascimento, é possível revistar a história do Brasil por meio das lutas pela Independência, pela República, pela abolição, passando pelo modernismo, pelo trabalhismo dos anos de 1930, pelas primeiras lutas sindicais e políticas, pela resistência à ditadura militar, pela redemocratização, construção das centrais sindicais, até os dias atuais.
Secretário-geral da CUT-SP, Daniel Calazans participou da solenidade de lançamento e, durante sua fala, lembrou das lutas operárias existentes desde o período da colonização, em 1500, quando os europeus chegaram ao Brasil, fazendo os imigrantes colonos de servos, e os indígenas e africanos escravizados, torturados e milhares deles, mortos. “Temos uma democracia graças à capacidade de luta e de organização de nossos companheiros e companheiras desde quando os europeus aqui desembarcaram. Uma luta feita até chegarmos a 1822 num processo que ainda está em construção. É emocionante quando vejo as centrais sindicais, movimentos populares e partidos progressistas se unirem em um projeto de resgate das lutas e conquistas que nós fizemos, não somente contando essa história, mas ocupando em 2 de outubro os espaços de poder e de decisão”, disse.

“É em nome da democracia que nós conseguimos, enquanto movimento sindical e de resistência, sobreviver até agora, e é esse regime que gostaríamos de mantê-lo por nele encontrarmos condições de nos organizar, mobilizar e conquistar as políticas públicas e sociais para que o povo, de fato, se constitua como cidadão”, continuou o dirigente.
Após a mesa de abertura, foram feitos blocos com outras lideranças sindicais, que leram os nomes dos homenageados que compõem a lista do projeto. Em sua fala, a presidenta da CUT-SP, Telma Victor, citou políticos como Ulysses Guimarães, Miguel Arraes e João Goulart, sindicalistas como o bancário Salvador Romano Losacco, o metalúrgico Benedito Cerqueira, o urbanitário Clodesmidt Riani, e personalidades de outras áreas como o sociólogo Florestan Fernandes, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, e o educador Paulo Freire.

A cerimônia desta segunda foi acompanhada da apresentação da Corporação Musical Operária da Lapa, a banda mais antiga em atividade no país, criada em 1881.
Além da lista de nomes, que pode ser consultada aqui, os visitantes do site também poderão conferir o material “Brasil em 200 obras”, que destaca contribuições importantes na literatura, música, cinema, TV, fotografia e quadrinhos, além de artigos e uma linha do tempo das lutas dos trabalhadores.