Poesia e música marcam noite de celebrações e luta do Sarau das Margaridas
Café dos Bancários teve lotação máxima em evento preparativo à Marcha das Margaridas, que ocorre em agosto no DF
Publicado: 20 Julho, 2019 - 19h00 | Última modificação: 23 Julho, 2019 - 16h37
Escrito por: Rafael Silva - CUT São Paulo

Na última semana, mulheres trabalhadoras de diferentes categorias se reuniram numa atividade que buscou, por meio da arte e da cultura, marcar o momento de resistência e luta aos inúmeros retrocessos vivenciados pela população em tão pouco tempo de governo Bolsonaro (PSL). Era o Sarau das Margaridas, que ocorreu no dia 17 de julho no Café dos Bancários, no centro da cidade de São Paulo.
A iniciativa, do Coletivo de Mulheres Trabalhadores da CUT-SP, envolveu dezenas de mulheres que construíram cada detalhe da atividade. Nas semanas que antecederam o Sarau, elas se reuniam na produção artesanal da decoração, costura de bandeiras e confecção de instrumentos musicais, dando ao grupo Mulheres Cantantes da CUT-SP - que se também se apresentou no evento – ritmo agradável e contagiante.
Confira um vídeo de preparação das mulheres
A atividade em São Paulo foi uma preparação para a sexta edição da Marcha das Margaridas, que ocorrerá nos dias 13 e 14 de agosto em Brasília (DF). A marcha conta com a parceria de organizações sociais e movimentos populares, de mulheres e sindical, entre os quais a CUT, e é coordenada pela Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag).
Assim como a Marcha deste ano, a atividade em São Paulo teve financiamento solidário e coletivo, de forma a garantir uma participação diversa das mulheres do estado no ato de Brasília. Dessa forma, o valor arrecado com os ingressos ajudarão a custear os ônibus que seguirão à capital federal.
Entre os músicos presentes, estiveram Beth Amin, Edvaldo Santana, Joana e Jean Garfunkel, que emprestaram suas vozes para aquecer e embalar a luta das mulheres. O público também foi contemplado pelos Poetas do Tietê e pela poetisa Thata Alves, além da performance teatral "Palavra ocupação", do ator Dinho Lima Flor, da Cia do Tijolo. Os artistas participaram de forma voluntária no Sarau, colaborando nessa missão solidária.
Entre os intervalos das apresentações, o público pôde participar declamando textos e apresentado contos, o que ocorreu em tom político e de indignação aos desmandos federais. Uma das organizadoras do evento, a presidenta do Sinergia Gasista, Deise Capelozza, emocionou o público ao cantar “Zé do Caroço”, de composição de Leci Brandão.
Secretária de Mulheres da CUT São Paulo, Márcia Viana celebrou o momento, reforçando que as mulheres do estado saíram inspiradas à etapa seguinte da luta, que será em agosto. “A marcha tem a ver com a resistência das mulheres do campo, da cidade, das florestas e das águas. Acreditamos que o Sarau conseguiu mostrar um pouco dessa representação e ajudou a fortalecer o nosso grupo”, afirma.
Já a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Nacional, Junéia Batista disse que a organização das trabalhadoras pelo Brasil está intensa, tendo início há um ano e meio. A dirigente afirmou que os ataques do atual governo, no entanto, só tem fortalecido a disposição de enfrentamento do grupo na defesa dos direitos. “Estamos na sexta edição da Marcha, que nesta edição traz a denúncia da pobreza, mas destaca principalmente os ataques à soberania nacional e o combate à reforma da Previdência que, se aprovada, seremos muitos prejudicadas. Milhares de mulheres estão se organizando pelo país para fazer uma grande marcha de luta por nossos direitos”.
O nome da Marcha se refere à Margarida Maria Alves, que foi presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande na Paraíba. A mando de latifundiários, ela foi assassinada em 12 de agosto de 1983 por defender, entre outras bandeiras, os direitos dos trabalhadores e o fim da violência no campo. Sua frase “é melhor morrer na luta do que morrer de fome” ficou popularmente conhecida.
Confira trecho do Sarau
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