Plenária na capital paulista fortalece luta sindical rumo ao 16º CECUT em SP
Lideranças sindicais cutistas discutiram política brasileira, ações do governo de SP e o impacto à classe trabalhadora paulista
Publicado: 05 Julho, 2023 - 16h46 | Última modificação: 05 Julho, 2023 - 17h08
Escrito por: Vanessa Ramos - CUT São Paulo
Nesta quarta-feira (5), sindicalistas da capital paulista e de cidades do entorno estiveram reunidos em plenária preparatória ao 16º Congresso Estadual da CUT São Paulo (Cecut) e ao 14º Congresso Nacional da CUT (Concut).
A atividade ocorreu no auditório da CUT São Paulo, à Rua Caetano Pinto, 575, no Brás, no centro da cidade de São Paulo.
A plenária da capital encerra o ciclo das assembleias de base que a CUT realizou em todo estado de SP, tratando sobre os eixos do congresso, a situação geopolítica das cidades e os desafios regionais.
A mesa de debates foi coordenada pela secretária de Meio Ambiente da CUT-SP, Solange Ribeiro, e pelo coordenador-adjunto do 16º Cecut e secretário de Finanças e Administração da CUT-SP, Renato Zulato.
O dirigente fez uma avaliação das assembleias de base realizadas de maio a julho. “Promovemos diálogo e plenárias com ampla participação de diferentes categorias e realizamos mapeamentos regionais importantes visando a disputa sindical em 2024”, afirmou Zulato.
Desafios futuros
As conjunturas nacional e estadual foram discutidas na palestra do presidente da CUT-SP, Douglas Izzo.
“O Estado brasileiro foi desmontado pelo governo anterior e isso impactou a realidade econômica e social dos estados. Depois da eleição de Lula, começamos a perceber melhorias já no primeiro trimestre. A retomada do Bolsa Família com auxílio de 600 reais é um exemplo da movimentação da economia. Mesmo com um orçamento não desejável, vemos um governo com avanços consideráveis”, disse Izzo.
De acordo com o presidente, o movimento sindical precisa estar preparado tanto para cobrar como para fortalecer o governo nas pautas relacionadas à classe trabalhadora.
“Temos desafios enormes como a redução dos juros altos, a reforma tributária e a revogação do novo ensino médio. Existem problemas crônicos”, afirmou.
Em relação ao estado de São Paulo, o presidente criticou a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“É o governo da privatização, que quer entregar o que sobrou, daquilo que é público, para a iniciativa privada. O governo quer entregar a saúde e a educação, com discurso falso de modernização, além de pagar mal os servidores públicos, situação que vai dos professores, trabalhadores da saúde até os policiais”, avaliou.
Além da realidade estadual, as entidades sindicais discutiram a conjuntura do município e estratégias da disputa política para 2024 na capital paulista, com a participação do vereador da capital, Hélio Rodrigues (PT).
“O Plano Diretor da cidade de São Paulo descaracterizou muito o que Fernando Haddad fez em 2014. Todo o estudo que foi feito no plano anterior, com especialistas e diálogo com a sociedade, se perdeu. Houve um desmonte”, apontou o vereador.
Em relação ao tema, a bancada do PT na Câmara dos Vereadores reforça a defesa de um projeto substitutivo que possa atender aos anseios do município e leve em consideração, entre outras questões, a priorização de habitações populares, o respeito a questões ambientais, a manutenção do Fundo de Desenvolvimento Urbano (Fundurb) e a não ampliação das áreas de influência dos EETUS (Eixos de Estruturação da Transformação Urbana), que são as regiões do entorno de corredores de ônibus e estações de metrô, trem e monotrilho.
“Além de tudo isso, no mês que vem teremos uma discussão sobre uso e ocupação do solo. Precisamos estar atentos a esse debate”, alertou o parlamentar.
Após a discussão sobre o Plano Diretor da cidade de São Paulo, Rodrigues trouxe a questão do saneamento em SP. “É preciso reforçar a luta contra a privatização da Sabesp no estado. A cidade de São Paulo, sem dúvida, será impactada. Para privatizar a empresa, por exemplo, é preciso mudar a lei orgânica do município. Isso vai afetar toda a população, principalmente quem mora em áreas de maior vulnerabilidade”, falou.
Eleições
Discussões seguem em aberto com relação às eleições de 2024, mas o nome do deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) apareceu em evidência no debate das entidades sindicais durante a plenária da capital.
Boulus, de acordo com levantamento divulgado pelo Paraná Pesquisas em 8 de maio, lidera a disputa pela Prefeitura paulistana no próximo ano, com 31,5% das intenções de voto, seguido pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tem 17,8%.
“A locomotiva do Brasil está em São Paulo. Muitas coisas ainda estão sendo discutidas, mas precisamos avançar em 2024 elegendo candidatos e candidatas ligados ao nosso projeto político para garantirmos direitos à classe trabalhadora, políticas públicas essenciais e uma vida melhor para a população”, disse o químico Raimundo Suzart.
Representatividade sindical
Durante a plenária, as lideranças sindicais tiveram acesso ao levantamento de dados sobre a situação dos sindicatos no estado de SP e na capital, a representação de cada central sindical e a representatividade dos números de trabalhadores e trabalhadoras associados aos sindicatos.
As informações foram apresentadas pelo supervisor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no estado de São Paulo, Fernando Lima.
Segundo o levantamento, baseado no Ministério do Trabalho e Emprego, com dados extraídos em 6 de junho deste ano, a CUT tem 226 sindicatos filiados no estado de SP, com 649.354 trabalhadores sindicalizados.
“É preciso uma atualização dos dados junto ao governo e uma fiscalização. Pretendemos aprofundar esse assunto em nosso congresso e pensar ações em relação a isso”, avalia Zulato.