Metroviários decidem por greve no dia 1º contra negociação fake de Doria
Categoria está exposta à contaminação de Covid-19, registra morte e o afastamento de muitos trabalhadores; Governo propõe retirada de direitos e redução nos salários
Publicado: 26 Junho, 2020 - 13h53 | Última modificação: 26 Junho, 2020 - 14h09
Escrito por: Rafael Silva - CUT São Paulo
Em assembleia realizada nos dias 24 e 25 de junho, os metroviários de São Paulo aprovaram parar os trabalhos na próxima quarta-feira, dia 1º de julho. A medida é uma resposta ao governo João Doria (PSDB) e à Companhia do Metropolitano de São Paulo, que se aproveitam do momento de pandemia para retirar vários direitos e realizar cortes de salários ainda neste mês.
A decisão pela paralisação foi aprovada por 90,42% do total de participantes da assembleia online, realizada pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, e que contou com 2.505 pessoas.
O encontro foi convocado após recusa do Metrô em ouvir as reivindicações da categoria. No último dia 22, o que era para ser a primeira reunião de negociação do ano entre o Sindicato e a Cia., tornou-se apenas um encontro para a empresa de transportes informar que realizaria diversos cortes, como a redução do adicional noturno de 50% para 20%, o fim do adicional de risco de vida para OTMs (Operador de Transporte Metroviário) das bilheterias e ASMs, redução dos valores de horas extras de 100% para 50%, diminuição da contribuição da empresa para o plano de saúde da categoria de 84% para 70%, entre outros ataques. A empresa também disse que a folha de pagamento de junho já foi processada com a redução desses valores, não permitindo nenhum tipo de negociação.
“No momento de pandemia, o Metrô quer se aproveitar da situação para intimidar a categoria. Só que somos serviço essencial, estamos nos colocando em risco diariamente, com pessoas afastadas, e a Cia. está desconsiderando isso. É um momento crítico para nós, pois não esperávamos ter que lutar dessa forma. A categoria entende que é uma retirada grande de direitos e isso é parte do processo de privatização do setor. O governo precisa retirar direitos para avançar no processo de privatizar e terceirizar o Metrô”, afirma o metroviário e dirigente sindical Marcos Freire.
No plano de lutas aprovado pela categoria, além da aprovação do estado de greve, os trabalhadores e as trabalhadoras usarão coletes, adesivos e botons nas áreas operativas e uso de adesivos nas áreas de manutenção e administração já a partir da próxima segunda-feira (29). Os metroviários também aprovaram a proposta de não fazer horas extras como parte da luta em defesa dos direitos. Uma nova assembleia está programada pelo Sindicato no dia 30 de junho.
Contaminação
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, no fim de fevereiro, os metroviários seguiram atuando normalmente por serem considerados categoria essencial. No entanto, a exposição no dia a dia já provocou o afastamento de 282 trabalhadores contaminados pela Covid-19. Na semana passada, o dirigente do Sindicato, Armando Ramos Norberto, o Armandinho, morreu após contrair o vírus.
“Uma das nossas pautas e discutir com o Metrô a adoção de medidas para conter o avanço da doença entre os trabalhadores, mas a empresa se recusa a discutir isso, dizendo que as medidas já são tomadas com o departamento médico. Se recusam, inclusive, também a mostrar os índices de contaminação. Então tivemos de montar uma comissão no Sindicato para fazer esse levantamento”, prossegue Freire.
Na mesma data em que está proposta a greve, os trabalhadores de entregas a domicílio também programam paralisação reivindicando direitos das empresas proprietárias de aplicativos como Rappi, iFood e UberEats.