Mapa Corona nas Periferias mostra ações de combate à Covid-19 nas favelas
Solidariedade ganha espaço durante pandemia de coronavírus
Publicado: 20 Abril, 2020 - 15h04 | Última modificação: 20 Abril, 2020 - 15h21
Escrito por: Vanessa Ramos - CUT São Paulo

Nesta segunda-feira (20), o Instituto Marielle Franco, em parceria com o portal Favela em Pauta, lançou o Mapa Corona nas Periferias. (Clique aqui)
A proposta é dar visibilidade às iniciativas de combate à Covid-19 nas favelas e periferias do Brasil. O coronavírus já contaminou 39.384 pessoas, com 2.504 mortes, de acordo com informações divulgadas pelas secretarias estaduais de Saúde até as 12h30 desta segunda-feira (20).
Na plataforma, é possível ver as ações de combate à pandemia que estão sendo realizadas e também cadastrar novas atuações e contatos de pessoas, coletivos ou entidades das regiões que fazem o enfrentamento ao coronavírus.
Uma das iniciativas já cadastradas ocorre no bairro de Santana, zona norte da cidade de São Paulo. O Projeto Sefora arrecada doações para a população em situação de rua. No Capão Redondo, na zona sul, existe uma iniciativa realizada pelo Coletivo Favela Fundão, que tem feito a distribuição de alimentos, de kits de higiene e realizado campanha de conscientização na região.
Na zona leste da capital, no Itaim Paulista, foi criado um 'drive-thru' para arrecadar doações para famílias carentes. Uma tenda montada na praça Lion Clube, com apoio de moradores e de equipes do Centro de Integração da Cidadania (CIC), da subprefeitura da região, desenvolveu um esquema em que os motoristas que passam para deixar alimentos não perecíveis e produtos de higiene não precisam descer do carro.
Olhar para o racismo
As periferias de São Paulo somam mortes por coronavírus. Segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo na última sexta-feira (17), apenas no distrito da Cidade Tiradentes existem 96 casos de Covid-19 e 37 mortes confirmadas.
De acordo com o Mapa da Desigualdade da cidade de São Paulo, lançado pela Rede Nossa São Paulo em novembro de 2019, é preciso considerar que existe uma distância socioeconômica entre os moradores das regiões mais nobres em comparação às periferias. E as diferenças relacionadas ao acesso ao emprego, saúde, moradia não são somente regionais, mas também raciais.
“Olhar para as periferias é fundamental. São nas favelas onde vive a maior parte da população negra, onde moram as empregadas domésticas que trabalham nos bairros ricos e a maior parte da classe trabalhadora. Nesses locais, o governo não chega para promover políticas públicas. O poder público só atua quando é para matar o povo negro, haja visto o genocídio”, afirma a secretária de Combate ao Racismo da CUT São Paulo, Rosana Aparecida da Silva.
Para a dirigente, se as condições de vida da população negra já não eram fáceis, com a pandemia a situação fica ainda pior.
“É obrigação do governo promover políticas sociais e assistência neste momento, realizar ações para acabar de uma vez com todas com a morte da população periférica e negra. Mas também precisamos reconhecer a importância das iniciativas de solidariedade de entidades e sindicatos que ganham espaço durante pandemia de coronavírus”, conclui.