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LGBT’s lutam por trabalho digno e redução da violência no Brasil

Covid-19 aumentou exclusão da população LGBTQIA+ e potencializou impactos no mercado de trabalho

Publicado: 17 Maio, 2021 - 15h23 | Última modificação: 17 Maio, 2021 - 15h48

Escrito por: Redação CUT-SP

Maria Dias /CUT - SP
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Os efeitos de isolamento ocasionados pela pandemia de covid-19 marginalizou, ainda mais, a população LGBTQIA+, que já enfrentava a falta de sociabilidade por conta da LGBTfobia presente no Brasil. No mundo do trabalho, as dificuldades decorrentes da discriminação e do preconceito são enfrentados nos diferentes setores.

Segundo a ONU, em todo o mundo, as taxas de desemprego, pobreza, insegurança alimentar e educação são mais altas na comunidade LGBTQIA+ e isso se potencializa nos países onde faltam políticas de enfrentamento à intolerância. Sob o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), grupos conservadores e com discursos de ódio passaram a ter cargos no Executivo, esvaziando completamente as pautas sobre respeito à diversidade.

Uma grave consequência disso são aos dados anuais do número de mortes da população LGBTQIA+ no país. Apesar de ter havido uma redução em 2020, entidades de direitos humanos apontam que não há motivos para se comemorar, pois essa queda estaria atrelada a subnotificações e pelo desmonte das campanhas de incentivo a denúncias por parte do governo federal. Relatório do Grupo Gay da Bahia aponta que, no ano passado, pelo menos, 237 pessoas perderam a vida para a violência por conta de suas orientações sexuais ou identidade de gênero – uma queda de 28% se comparados ao ano anterior.

“É um engano pensar em redução na violência, pois não houve nenhuma política pública de proteção. O que temos são discursos que incentivam ataques e o cenário de isolamento da covid-19 deve ser considerado, o que fez a população LGBTQIA+ se isolar”, analisa a secretária de Políticas Sociais da CUT-SP, Kelly Domingos.

Para a dirigente, é também preciso discutir os impactos que essa população sofreu no mundo do trabalho por conta da crise sanitária, que fez aumentar o desemprego e a pobreza. “No mundo do trabalho as marcas dessas exclusões são visíveis também. É grande o número de LGBTQIA+ que não acessam o mercado de trabalho por divergirem da heteronormatividade”.

Membro do Coletivo LGBT da CUT, Marcos Freire diz que esses desafios enfrentados diariamente empurram a população LGBTQIA+ para funções consideradas menos atrativas pela sociedade, como cabelereiros e operadores de telemarketing. “É fundamental que os sindicatos atuem para pressionar governos e empresas a implementarem iniciativas práticas de combate à LGBTfobia nos locais de trabalho, assim como garantir maior diversidade em suas contratações. Para as empresas, inclusive, estudos mostram que aumentar a diversidade entre seus trabalhadores ajuda a alcançar melhores resultados financeiros”, afirma.

“Por isso, neste dia 17 de maio, Dia Internacional de Luta contra a LGBTfobia, a CUT se junta à comunidade LGBTQIA+ na luta contra as várias opressões impostas a essa população no caminho de uma sociedade mais justa e igualitária. Também seguimos juntos e juntas cobrando a urgência na aplicação da vacina contra a covid-19”, finaliza Freire.