Julho das Pretas celebra mulher negra latino-americana com debate e feira afro
Evento na sede da CUT abre série de atividades sindicais no estado de São Paulo
Publicado: 14 Julho, 2023 - 16h29 | Última modificação: 17 Julho, 2023 - 12h14
Escrito por: Vanessa Ramos
As celebrações do ‘Julho das Pretas’ em SP teve início nessa quinta-feira (13), com atividade na sede da CUT, na capital paulista.
Além de discussões envolvendo sindicalistas, psicólogos, cientistas sociais, advogados, entre outros especialistas, a Secretaria de Combate ao Racismo da CUT-SP também promoveu uma Feira Afro, garantindo diversidade e apoio ao afro empreendedorismo por meio da comercialização de produtos que valorizam a cultura negra.
O ‘Julho das Pretas’ é uma ação de incidência política que conta com uma agenda de atividades proposta durante todo o mês por organizações e movimentos de mulheres negras no Brasil.
O encontro realizado nessa quinta-feira (13) dá início a uma série de eventos programados pelos sindicatos paulistas durante o mês, por ocasião do 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela.
“Nos reunimos neste mês em diversos espaços para discutir a luta da mulher negra na sociedade. Somos a base da pirâmide e sabemos que as condições socioeconômicas das mulheres negras brasileiras são piores em relação aos demais grupos. Reivindicamos nossos direitos, emprego, renda e a garantia da igualdade de oportunidades e representatividade”, afirmou a secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Aparecida da Silva.
Cientista social, professora da rede pública estadual e municipal de São Paulo e assessora-chefe da Participação Social e Diversidade do Ministério do Trabalho e Emprego do governo federal, Anatalina Lourenço, falou sobre mulheres que lhe inspiraram a lutar.
Ao tratar sobre o racismo, detalhou como as pessoas brancas podem criar mecanismos de exclusão para expressar o seu racismo, sem dizer necessariamente que são racistas.
A socióloga também trouxe pesquisa do governo federal, com levantamento do Dieese, que se relaciona à população negra.
De acordo com dados do 2º trimestre de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, a população negra corresponde a 55,8% da população brasileira.
“O desemprego atinge mais os negros e negras. Estamos longe do processo de inclusão da população negra no mercado de trabalho com condições dignas. Existe muito por fazer para que as diferenças de sexo e raça que distinguem os trabalhadores e as trabalhadoras sejam reduzidas”, disse.
Avanços em 2023
A advogada e coordenadora do Núcleo Antirracista do Escritório Cascone Advogados Associados, Raiça Camargo, falou sobre os avanços recentes na luta contra o racismo.
Segundo ela, o movimento negro celebra a sanção da lei nº 14.532, de 2023, em janeiro, pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que equipara o crime de injúria racial ao de racismo, que é inafiançável e imprescritível.
A injúria racial ocorre quando a honra de uma pessoa é ofendida por conta de raça, cor, etnia, religião ou origem. No caso do crime de racismo, isso se dá quando o agressor atinge um grupo ou um coletivo, promovendo a discriminação de uma raça de maneira geral.
A partir da atuação do novo governo, detalhou Raiça, esse tipo de injúria pune a pessoa com reclusão de dois a cinco anos e a pena poderá ser dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas.
Durante o encontro, Raiça também falou sobre o Guia Antirracista lançado pela CUT-SP em parceria com a Cascone Advogados, em 2022, material que apresenta quais são os direitos de quem passou por situação de racismo em seu local de trabalho e como buscar justiça para esses casos.
“Existe uma grande dificuldade ainda para se denunciar, sabemos que dificilmente uma pessoa negra será bem acolhida em uma delegacia quando chega para fazer uma denúncia. O racismo deve ser uma luta de toda a sociedade. Pessoas brancas também devem assumir esse compromisso de pensar o que podem fazer em seus lugares de atuação em relação a essa questão’, disse.
Confira, a seguir, a transmissão ao vivo e a fala dos sindicalistas e especialistas que participaram do encontro: