Greve dos servidores de São Paulo recebe apoio de dirigentes sindicais da Itália
Em passagem pelo Brasil, integrantes da CGIL participam de ato dos municipais, que estão paralisados contra a reforma da Previdência de Bruno Covas (PSDB)
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Publicado: 27 Fevereiro, 2019 - 19h45 | Última modificação: 27 Fevereiro, 2019 - 20h23
Escrito por: Rafael Silva e Vanessa Ramos - CUT São Paulo

A greve dos trabalhadores e das trabalhadoras do serviço público de São Paulo ganhou o apoio da maior central sindical italiana, a CGIL (Confederação Geral Italiana do Trabalho). Em assembleia realizada pelos municipais na tarde de terça-feira (26), em frente à Prefeitura paulistana, os dirigentes europeus prestaram sua solidariedade.
Horas antes, eles estiveram presentes na atividade dos trabalhadores da Ford, em São Bernardo do Campo, no ABC, contra o fechamento da empresa e a manutenção dos empregos.
“Trago a saudação e a solidariedade dos servidores públicos italianos. Achamos importante defender o trabalhador público, principalmente quando querem cortar os seus salários, que já são baixos e ainda enfrentam pouco reconhecimento. E me enche o coração ver muitos de vocês aqui presentes, pois essa luta não é somente para vocês, mas para o país. É importante para o movimento sindical internacional”, disse aos grevistas a secretária-geral da CGIL Lombardia, Ellena Lattuada.

A dirigente adiantou, ainda, que levará para a Europa a ideia de construção de uma rede internacional de apoio à luta dos trabalhadores públicos paulistas. “Estamos com vocês até o final e também estamos convencidos de que vencerão essa luta. E para mostrar nossa unidade, vou levar essa luta para a Itália e os demais países da Europa para construir uma rede de solidariedade”.
O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Sergio Antiqueira, reconheceu a importância desta articulação internacional. “O calor italiano foi recebido com muito contentamento neste 24º dia de greve em que estamos. Enfrentamos neste momento um governo truculento e esta solidariedade nos dá ânimo. Covas hoje se mostra pior do que Doria”, garante.
O funcionalismo municipal exige a revogação da Lei 17020/18, aprovada em dezembro do ano passado. A nova lei, articulada e sancionada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), a alíquota de contribuição descontada no contracheque dos servidores passou de 11% para 14%. Além disso, foi instituída a previdência complementar, conhecido como Sampaprev, um plano de previdência individual parecido com o modelo capitalização privado, quando o trabalhador é responsável por fazer sua poupança para a sua aposentadoria.
Desde o início das tratativas do projeto, os trabalhadores têm demonstrado força na luta, organizada pelos sindicatos CUTistas, como Sindsep-SP, Sinpeem, Simesp, e pelas demais entidades do funcionalismo. Ainda, tem recebido apoio de inúmeros movimentos sociais.

Presidente da CUT-SP, Douglas Izzo tem participado das ações dos servidores e comemora o apoio dos trabalhadores italianos. “Essa rede de solidariedade é importante, pois amplifica a luta dos servidores. Infelizmente sabemos que os ataques aos direitos ocorrem em diversos lugares do mundo, então é cada vez mais necessário mostramos unidade da classe trabalhadora para barrar esses desmontes”.
Nesta quinta (28), os servidores farão nova assembleia, às 15h, em frente à Prefeitura de São Paulo. Eles seguem a luta contra as medidas de Bruno Covas e também pelo pagamento dos dias de greve.
Intercâmbio
Nesta semana, os representantes da CGIL estão em São Paulo para uma série de atividades com a CUT-SP. As duas entidades sindicais mantém um convênio de troca de experiências que auxiliam nas ações em defesa de direitos dos trabalhadores nos dois países. Os dirigentes italianos também tiveram a oportunidade de participar de outros debates com sindicatos filiados à Central e conhecer a Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST, na cidade de Guararema-SP.
E, além de acompanharem a luta das categorias do setor público e privado, também participam do seminário internacional ocorrido na terça (26) e quarta (27), em parceira com a CUT-SP.
