Farmacêuticos recebem contraproposta do patronal; pauta será debatida em assembleias
A data base dos farmacêuticos é 1º de abril; as entidades sindicais esperam realizar as assembleias sejam realizadas até a primeira quinzena de abril
Publicado: 31 Março, 2023 - 18h24
Escrito por: Vanessa Ramos - CUT São Paulo

Os farmacêuticos realizaram a primeira rodada de negociação com o setor patronal na tarde desta sexta-feira (31), no auditório do Sindicato dos Químicos de São Paulo, no bairro da Liberdade, na capital paulista.
A pauta de reivindicações havia sido entregue oficialmente ao setor patronal no dia 9 de março, na sede do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), no bairro Cidade Monções, também na capital.
Participaram da rodada de negociações dirigentes da Federação dos Químicos em São Paulo (Fetquim), ligada à CUT, da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar), ligada à Força Sindical, e entidades filiadas às duas federações.
Alta da inflação no preço dos alimentos, aumento salarial, reajuste e ganho real nas cestas de alimentação e no vale-refeição estão entre os pontos em debate.
A contraproposta apresentada pelo setor patronal traz 5,5% de reajuste salarial o que, segundo as federações, inclui a reposição da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Em relação ao vale-alimentação, a proposta é de R$ 330 para empresas com 100 funcionários e R$500 para empresa com mais de 100 trabalhadores. Esse valor, de acordo com as entidades, corresponde a 11,11% do vale-alimentação. No caso da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), o reajuste seria de 5,5%.
Em 2023, a negociação é focada em cláusulas econômicas, mas uma nova conquista é comemorada pelos farmacêuticos. O setor patronal irá incluir na convenção coletiva uma cláusula sobre o enfrentamento à violência doméstica e contra as mulheres nos locais de trabalho.
Desdobramentos
As duas federações passam avaliar a partir desse momento a contraproposta e começam a organizar assembleias de base. Juntas, elas reúnem em torno de 40 sindicatos filiados no estado de São Paulo.
A data base dos farmacêuticos é 1º de abril. A perspectiva é de que as assembleias sejam realizadas até a primeira quinzena de abril, afirma o coordenador Fetquim-CUT, Airton Cano.
“É fundamental que os patrões valorizem e reconheçam a contribuição dos trabalhadores no crescimento da indústria farmacêutica. Estamos mobilizando a categoria para conseguir boas discussões na base com conscientização da classe trabalhadora”, diz.
Cano reforça ainda que é preciso olhar com atenção para a conjuntura brasileira, como para o fato de que o Brasil perdeu dinamismo econômico, produtivo e industrial.
“A maior necessidade da economia, quando se fala em ter um ganho, é fazer a defesa do complexo econômico, ainda mais em um contexto de desindustrialização”, aponta.
O dirigente também destaca que as experiências ruins vividas nos últimos governos devem contribuir para que erros não sejam repetidos.
“Tivemos experiências trágicas e passamos nesta semana das 700 mil mortes por covid-19. Para o Brasil não cair em armadilhas econômicas em situações que desencadeiem o desemprego e a fome, por exemplo, temos que discutir a indústria da saúde para avançarmos num desenvolvimento saudável em nosso país”, finaliza.
Sindicatos de base
Para o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, José Evandro Alves da Silva, que acompanhou a primeira rodada de negociação, a campanha salarial de 2023 apresenta avanços nas cláusulas econômicas.
“Desde 2016 não conseguimos avançar no ganho real, mas agora existe uma perspectiva nesse sentido, o que representa uma importante conquista para nossa categoria. Vamos levar a contraproposta dos patrões aos trabalhadores nas fábricas e ver o resultado das assembleias”, afirma.
Em entrevista ao site da CUT-SP nos últimos dias, o presidente do Sindicato dos Químicos de São Paulo, Hélio Rodrigues, havia sinalizado que apesar da retração da inflação, os preços não tiveram queda.
“Principalmente os alimentos estão pesando muito no orçamento. Sabemos disso e defendemos a reposição da inflação com ganho real para que o trabalhador recupere o seu poder de compra.”.