Escola da capital deve receber o nome do professor João Felício
Proposta para homenagear o sindicalista, morto em março de 2020, está em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo
Publicado: 10 Setembro, 2021 - 11h40 | Última modificação: 10 Setembro, 2021 - 11h48
Escrito por: CUT São Paulo

Homenageado na 16ª Plenária Estatutária da CUT São Paulo, realizada nos dias 27 e 28 de agosto, João Felício, sindicalista que marcou as lutas da classe trabalhadora em defesa dos direitos e em defesa da educação pública, morto em março de 2020, deve emprestar seu nome para a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Jardim Damasceno I.
O projeto de lei (PL) para alteração do nome da unidade escolar localizada na zona norte de São Paulo em homenagem ao ex-presidente nacional da CUT, da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de SP) e da CSI (Confederação Sindical Internacional) já está em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo.
“Para nós da CUT São Paulo essa é uma justa e merecida homenagem. João Felício foi um professor para muitos sindicalistas da nossa geração e, sobretudo, um valoroso companheiro de luta e defensor dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras e também da educação pública. Nos deixou um importante legado e inúmeras lições de organização da classe trabalhadora e do movimento sindical que são fundamentais para nortear nossas ações nas lutas atuais”, comenta o também professor Douglas Izzo, presidente da CUT São Paulo.
A proposta (PL 483/2021) foi apresentada pelo vereador Eliseu Gabriel (PSB), no início de agosto e passará pelas Comissões de Constituição, Justiça e Legislação Participativa; Educação, Cultura e Esportes e Finanças e Orçamento.
Quem foi João Felício
João Antonio Felício nasceu em Itapuí (SP) no dia 6 de novembro de 1950, foi casado com Léa Francesconi, com quem teve dois filhos. Em 1968 concluiu o curso técnico de torneiro mecânico em 1968 na cidade de Jaú (SP), e em 1972 se formou em Desenho e Plástica, Educação Artística e História da Arte, pela Fundação Educacional de Bauru. No ano seguinte, Felício começou a lecionar como professor de Desenho na rede oficial de Ensino do Estado de São Paulo, onde permaneceu até se aposentar.
João Felício iniciou sua militância política e sindical nos anos 1970. Em 1977, participou das mobilizações dos professores, da luta por melhores condições de vida e salário, contra a ditadura militar e pela conquista da Apeoesp. Em 1980 foi eleito para o Conselho de Representantes da Apeoesp, pela região norte da Capital. Participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), como delegado no Congresso de Fundação, no Colégio Sion na Capital.
Em 1981 venceu a eleição para Diretoria da Apeoesp, como Diretor do Departamento Cultural. Neste período foi criada a Comissão de Mulheres e a de Combate ao Racismo da Apeoesp, vinculadas a este Departamento. E também a organização de atividades culturais entre Professores e Alunos e formulação da concepção de Educação e Escola Pública da Apeoesp.
Em 1983 participou do processo que resultou na fundação da CUT e da filiação da Apeoesp à Central. Foi reeleito como Diretor do Departamento Cultural. Em 1984 participou da Campanha das Diretas-Já e da greve dos professores durante o Governo Montoro, quando a Apeoesp chegou a realizar assembleias com mais de 50.000 professores. Em 1985 foi reeleito como Diretor de subsedes da Capital da Apeoesp. Em 1987 foi eleito Presidente da Apeoesp e, neste ano, a entidade realizou duas greves, uma em cada semestre.
Participou da luta por uma nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional e em 1989 foi reeleito Presidente da Apeoesp com mais de 80% dos votos. Neste ano ocorreu a mais longa greve da história dos Professores do Estado de São Paulo (82 dias), resultando numa conquista de 126% de reajuste.
Em 1990 a Apeoesp lança a campanha “Educação no Centro das Atenções”. É eleito primeiro suplente do Senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e Membro do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores. Em 1991 foi reeleito para o terceiro mandato como presidente da Apeoesp.
Em 1993 deixa a Presidência da Apeoesp e retorna à sala de aula, na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Dr. Octávio Mendes, no bairro de Santana, na Capital. Naquele ano a Apeoesp atingiu 122.000 associados, dos quais 70.000 participaram no processo eleitoral, na maior eleição na história desta Entidade, quando foi eleito Presidente, o professor Roberto Felicio.
Em 1994 foi eleito para Direção Executiva Nacional da CUT, indicado pelos professores do Brasil. Neste mandato foi responsável pela Comissão de Educação, Formação Profissional e da Previdência e membro do Coletivo Internacional da CUT, para questões relativas à OIT (Organização Internacional do Trabalho) e Direitos Humanos. Em 1997 foi eleito Secretário Geral Nacional da CUT e membro do Diretório Nacional do PT. Em 2000 assumiu a presidência nacional da CUT.
Em 2003 foi eleito Secretário-Geral Nacional da CUT e Secretário Sindical Nacional do PT. Foi membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social indicado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva. Indicado pela CUT como representante desta Central, no Conselho de Administração do BNDES. Fez parte ainda, da Direção do Instituto de Cidadania.
Em 2005, retorna à presidência da CUT Nacional, após a saída do Luiz Marinho que assumiu o Ministério do Trabalho. Em 2006 foi eleito pelo 9º CONCUT como Secretário de Relações Internacionais da CUT Nacional e reeleito Secretário de Relações Internacionais, mandato renovado em 2012 no 11º CONCUT.
Em 2014 foi eleito presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI). Felício foi o primeiro latino-americano a presidir essa importante central internacional. João Antônio Felício faleceu na madrugada do dia 19 de março de 2020.
*Colaboração de Alexandre Triondade, com informações da CUT Nacional