Direção da CUT-SP define estratégias para fortalecer a luta popular em 2023
Lideranças sindicais da Central se reuniram nos dias 2 e 3 para planejar ações no estado de São Paulo rumo ao Congresso estadual
Publicado: 03 Março, 2023 - 13h04 | Última modificação: 03 Março, 2023 - 17h24
Escrito por: Vanessa Ramos e Rafael Silva - CUT São Paulo

O Seminário de Planejamento Estratégico da direção da CUT-SP foi encerrado nesta sexta-feira (3) na cidade de Praia Grande, no litoral paulista. O evento, realizado na Colônia de Férias do Sindicato dos Energéticos do Estado de São Paulo (Sinergia CUT), teve o objetivo de construir a agenda de luta e prioridades da Central para os próximos meses.
Ao longo de dois dias, toda a direção executiva da entidade se aprofundou em debates em torno do calendário de atividades, bem como apontaram as estratégias de ações a serem adotadas. Em agosto, a CUT-SP realiza o 16º Congresso, onde será eleita a nova direção da entidade.
Dentre as grandes ações discutidas entre os dirigentes, esteve a organização do tradicional evento do 1º de Maio, Dia de Luta dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, a continuidade da ação de rede Brigadas Digitais, as comemorações pelos 40 anos da CUT Brasil e o Mês Internacional das Mulheres.
Conjuntura política
Um dos momentos de intensa discussão ocorreu na mesa de análise sobre a atual conjuntura política, em meio ao governo federal de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tendo Tarcísio de Freitas (Republicanos) no governo do estado de São Paulo. Além das diversas prefeituras com gestões alinhadas a políticas neoliberais, um ponto de preocupação da Central.
Presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, falou sobre a importância do estado paulista em relação ao Brasil, seja por sua extensão territorial ou por sua relevância econômica e política.
“São Paulo tem contrastes evidentes causados pelo capitalismo. De famílias ricas a outras miseráveis passando fome. Sofremos consequências de gestões do PSDB que governaram por décadas o estado e, a última eleição, trouxe um governador ainda pior, que sinaliza para a venda da Sabesp, o sucateamento do serviço público e para a privatização de nossas riquezas, transformando o Estado em um balcão de negócios para iniciativa privada”, aponta.
A partir das discussões em plenária, algumas estratégias foram tiradas pelas entidades sindicais como o fortalecimento da agricultura familiar e o enfrentamento à privatização.
“Vamos barrar tentativas de o governo paulista oferecer isenções tributárias para a iniciativa privada aumentando o lucro desse setor e, ao mesmo tempo, prejudicando áreas como saúde e a educação da população”, reforçou Izzo.
Deputada estadual paulista e presidenta do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Isabel Noronha, conhecida como Bebel, fez coro às críticas ao governo estadual.
“Tarcísio de Freitas tem um projeto de Estado mínimo, que retira os direitos dos filhos e filhas da classe trabalhadora com relação a esse ensino médio que, na verdade, não é novo. Sobretudo, impõe mais decretos de isenção fiscal chegando na casa de R$ 84 bilhões, juntando com o passado. Queremos um Estado que atenda a população paulista com transporte, escola, postos de saúde”, defende.
Além de evidenciar diferentes aspectos da conjuntura nacional, o secretário de Administração e Finanças da CUT Nacional, Ariovaldo de Camargo, reforçou a luta pela retomada dos direitos que foram retirados da classe trabalhadora.
“Não estamos mais na fase de fazer diagnósticos, mas de fazer proposições. O Brasil está em transformação e a participação do movimento sindical é mais do que necessária”, disse.
Durante o seminário, o deputado estadual Teonílio Barba falou ainda sobre os desafios da política industrial no estado de São Paulo, que há anos tem afastado investimentos e contribuído para o fechamento de fábricas, impactando na criação de empregos. Barba, que é metalúrgico, também destacou o papel da Central na luta contra a ações da extrema-direita que, na gestão de Jair Bolsonaro, atacou direitos da população.
Durante as discussões, o deputado estadual por São Paulo e atual vice-presidente da CUT-SP, Luiz Claudio Marcolino, apresentou um mapeamento do estado de São Paulo, com destaque às regiões de atuação das subsedes da Central e o potencial de ampliação do diálogo junto aos trabalhadores dessas localidades.
Movimento sindical
Um segundo momento de debates girou em torno do projeto de valorização e de fortalecimento da negociação coletiva e atualização do sistema sindical brasileiro, pauta que tem sido discutida pelas centrais sindicais junto ao governo federal. Esse momento contou com a participação de Juvandia Moreira Leite, da direção da CUT Brasil e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).
“Acredito que o momento é singular, e os desafios do movimento sindical neste ano seguem o ritmo acelerado da mudança que vemos na realidade do mundo do trabalho. Precisamos debater, planejar, atualizar nossas estratégias de luta. Cada passo que dão para facilitar a precarização das relações trabalhistas, requer de nós dirigentes um passo na mesma proporção, se possível maior, para defender quem é o elo mais fraco”, afirmou.
Nos dois dias, entre um debate e outro, a Secretaria de Formação da CUT-SP organizou momentos místicos com poesia e música. Uma das imagens trazidas nessas interações foi a da árvore baobá, símbolo de resistência e das culturas africanas tradicionais, em referência às ações de resistência do movimento sindical brasileiro.
Calendário
No último dia de seminário, o secretário de Comunicação da CUT-SP, Belmiro Moreira falou sobre as ações de participação e engajamento nas redes sociais, dando continuidade ao projeto Brigadas Digitais.
Os dirigentes falaram ainda sobre as regras de participação no 14º Congresso Nacional da CUT (CONCUT) e os preparativos do 16º Congresso Estadual da CUT São Paulo (CECUT), que será realizado em agosto, junto com as celebrações do 40º aniversário da CUT Brasil.
O CECUT também será uma oportunidade de tratar sobre a organização sindical, aprofundar as discussões sobre a conjuntura política, eleger a nova direção estadual e definir o plano de lutas e as estratégias para o período de 2023 a 2027.