Desmonte da pesquisa científica em SP compromete combate à febre maculosa
Não por coincidência, tamanha crise emerge após anos de desmonte das instituições de pesquisa no Estado de São Paulo
Publicado: 20 Junho, 2023 - 18h25
Escrito por: Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq)
Infelizmente, uma pandemia histórica como a da Covid-19 parece não ter sido suficiente para conscientizar os governantes paulistas sobre a importância da ciência na saúde pública. Em Campinas, mortes por febre maculosa – uma doença totalmente evitável com o devido acompanhamento científico – estão ocupando o noticiário e despertando temor generalizado na população.
Não por coincidência, tamanha crise emerge após anos de desmonte das instituições de pesquisa no Estado de São Paulo. Desmonte esse que vem sendo denunciado há muito tempo pelo Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq) e pelas entidades ligadas ao setor científico estadual.
É importante ressaltar que a Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN), que era responsável pelas investigações nessa área, foi encerrada em 2020, durante a gestão de João Doria. Essa estrutura, composta por 14 laboratórios, continua até hoje com suas operações comprometidas, o que afeta e até mesmo cancela novas pesquisas.
Em março deste ano, a APqC (Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo) e o Instituto Pasteur – entidade centenária dedicada à pesquisa científica sobre a raiva animal – entregaram uma proposta para que os laboratórios sejam incorporados ao Pasteur. Entretanto, a solicitação ainda aguarda decisão do governador Tarcísio de Freitas.
O Estado tem o dever de realizar pesquisas em locais com casos confirmados da doença, identificar os tipos de carrapatos presentes e fornecer monitoramento e orientação aos municípios. Entretanto, nenhuma dessas medidas pode ser executada satisfatoriamente sem os devidos investimentos. Há anos, os institutos de pesquisa de São Paulo sofrem com falta de concursos públicos, defasagem salarial, comprometimento das estruturas, entre outros problemas.
O descaso com a ciência, mais uma vez, custa a vida da população. São famílias, amigos e colegas que estão sofrendo com a perda de pessoas queridas. Por isso, é urgente reverter o cenário de sucateamento da pesquisa pública em São Paulo. O SINTPq convida todos e todas a fortalecer a luta em defesa das nossas instituições científicas. A ciência salva vidas e merece a devida atenção do poder público!