De Jonas à Dário, passagem de ônibus aumentou 90% em Campinas
Novo reajuste coloca Campinas como 5ª mais cara do país e uma frota entre as mais antigas do Brasil das grandes cidades, com média de 9 anos por veículo
Publicado: 09 Janeiro, 2025 - 16h44 | Última modificação: 10 Janeiro, 2025 - 12h57
Escrito por: Portal Porque Campinas
O valor da passagem de ônibus em Campinas passou a ser de R$ 5,70 a partir do início de 2025, colocando a cidade entre as detentoras das tarifas mais altas do Brasil. Desde que o grupo político que governa Campinas hoje assumiu a Prefeitura, o aumento da passagem chega a 90%. No 1º ano de governo de Jonas Donizette (PSB), antecessor e padrinho de Dário Saadi (Republicanos), a tarifa era de R$3,00. A frota de Campinas também está entre as mais antigas do país, com média de 9 anos de uso para cada ônibus.
O último reajuste, anunciado no final de 2024 após a reeleição de Saadi, gerou críticas de moradores e movimentos sociais. Entidades apontam que a frota da cidade está envelhecida e o município tem um histórico de licitações fracassadas que ampliam as incertezas sobre o futuro do transporte público na metrópole.
Passagem de Campinas é mais cara do que em 23 capitais
De acordo com levantamento do portal Porque Campinas, a tarifa atual é superior a cobrada em 23 das 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. A diferença mais significativa é registrada em Maceió (AL), onde os moradores pagam R$ 3,49 pela passagem, R$ 2,21 a menos do que em Campinas. Nem mesmo cidades maiores, como São Paulo e Rio de Janeiro, têm preços tão elevados. Na comparação, a capital paulista cobra R$ 1,30 a menos dos usuários. No Rio de Janeiro (RJ), a tarifa sai R$ 1,40 mais barata do que em Campinas.
Em nota, o Executivo Municipal destacou que o aumento foi menor que a inflação acumulada de 9,78% entre novembro de 2022 e novembro de 2024, e que o último reajuste havia ocorrido em janeiro de 2023. Contudo, já há alguns anos o preço da tarifa em Campinas está bastante acima de outras grandes cidades brasileiras. Em 2015, o preço da passagem em Campinas era de R$3,50, contra R$3,40 de Belo Horizonte (MG), R$3,30 de Curitiba (PR) e R$3,00 em Salvador (BA). Já em 2019, a Prefeitura cobrava R$4,55, contra R$4,50 de Belo Horizonte, R$4,50 de Curitiba e R$4,00 em Salvador.
O sistema de transporte público de Campinas conta com uma frota de 1.010 veículos, operando em 233 linhas, transportando, em média, 445 mil passageiros por dia útil. Entretanto, os números contrastam com reclamações sobre a qualidade do serviço.
Ranking das tarifas de ônibus nas capitais brasileiras e Campinas
Campinas ocupa uma posição de destaque negativo no cenário nacional, com a tarifa de ônibus de R$ 5,70, situando-se entre as mais caras do Brasil. Confira o comparativo com as tarifas vigentes nas 26 capitais e no Distrito Federal:
- Porto Velho (RO): R$ 6,00 (+R$ 0,30 em relação a Campinas)
- Curitiba (PR): R$ 6,00 (+R$ 0,30)
- Florianópolis (SC): R$ 6,00 (+R$ 0,30)
- Belo Horizonte (MG): R$ 5,75 (+R$ 0,05)
- Campinas (SP): R$ 5,70
- Brasília (DF): R$ 5,50 (-R$ 0,20)
- Boa Vista (RR): R$ 5,50 (-R$ 0,20)
- Salvador (BA): R$ 5,20 (-R$ 0,50)
- Aracaju (SE): R$ 5,00 (-R$ 0,70)
- Cuiabá (MT): R$ 4,95 (-R$ 0,75)
- João Pessoa (PB): R$ 4,90 (-R$ 0,80)
- Natal (RN): R$ 4,90 (-R$ 0,80)
- Porto Alegre (RS): R$ 4,80 (-R$ 0,90)
- Campo Grande (MS): R$ 4,75 (-R$ 0,95)
- Vitória (ES): R$ 4,70 (-R$ 1,00)
- Fortaleza (CE): R$ 4,50 (-R$ 1,20)
- Manaus (AM): R$ 4,50 (-R$ 1,20)
- São Paulo (SP): R$ 4,40 (-R$ 1,30)
- Rio de Janeiro (RJ): R$ 4,30 (-R$ 1,40)
- Goiânia (GO): R$ 4,30 (-R$ 1,40)
- São Luís (MA): R$ 4,20 (-R$ 1,50)
- Recife (PE): R$ 4,10 (-R$ 1,60)
- Teresina (PI): R$ 4,00 (-R$ 1,70)
- Belém (PA): R$ 4,00 (-R$ 1,70)
- Palmas (TO): R$ 3,85 (-R$ 1,85)
- Macapá (AP): R$ 3,70 (-R$ 1,90)
- Rio Branco (AC): R$ 3,50 (-R$ 2,20)
- Maceió (AL): R$ 3,49 (-R$ 2,21)
Licitação e promessas
A novela em torno da licitação do transporte público em Campinas continua a ser um dos maiores entraves para melhorias no sistema. Após uma série de audiências públicas e reformulações, o edital mais recente, publicado em julho de 2023, acabou sendo considerado deserto em setembro daquele ano, já que nenhuma empresa apresentou propostas. A licitação, inicialmente prevista para 2016, permanece sem desfecho e é marcada por interrupções, revisões exigidas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) e contestações de sindicatos e da sociedade organizada.
Entre as promessas do edital mais recente está a introdução de uma frota eletrificada, com previsão de 60 ônibus elétricos nos primeiros seis anos do contrato – o edital anterior falava em 200 ônibus elétricos. Contudo, a ausência de propostas de melhorias da infraestrutura de transportes e gratuidades frustra as expectativas da população e mantém o sistema estagnado.
Confira a reportagem completa no site Porque Campinas