CUT-SP repudia ataque a professoras em escola municipal de Ribeirão Preto (SP)
Central cobra punição do agressor e se solidariza com as docentes ameaçadas com arma de fogo por um pai de aluno sob acusação de ensinarem “ideologia feminista”
Publicado: 18 Agosto, 2023 - 15h21
Escrito por: CUT São Paulo
A direção da CUT São Paulo repudia veementemente o ataque sofrido por professoras da Escola Municipal Professora Maria Inês Vieira Machado, localizada na zona Leste de Ribeirão Preto, no interior paulista, e cobra providência da administração municipal, bem como da autoridade policial competente para a apuração dos fatos e a devida punição do agressor.
A Central também se solidariza com as professoras, vítimas das ameaças. Segundo relato que chegou ao conhecimento da CUT-SP, no início da tarde de quarta-feira (16), um pai de aluno chegou à unidade escolar no horário de almoço das docentes questionando, entre outras questões, o conteúdo relativo aos direitos das mulheres que consta em um livro didático utilizado na rede pública do município.
Com uma arma de fogo apontada para as professoras (sim, o covarde dirigiu suas ameaças apenas às mulheres), o homem exigia saber qual governo teria permitido tal conteúdo, e qual professora havia realizado a atividade "ideológica feminista", numa demonstração explícita de intolerância, misoginia e fanatismo político-ideológico, reforçado após ouvir a resposta de uma das professoras que era um livro do Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação, aprovado na gestão do inominável ex-presidente.
A prática desse ‘pai’ se assemelha aos discursos de movimentos surgidos antes mesmo do bolsonarismo, que fazem a defesa da “Escola Sem Partido” e criminalizam a promoção do respeito à diversidade que chamam de “ideologia de gênero”. Esses grupos defendem o cerceamento do fluxo de informações e de conhecimento que permite construir uma sociedade livre da violência imposta pelo machismo e pela homofobia.
Pior ainda foi encontrar reportagem em um portal regional que informa que o Boletim de Ocorrência foi registado como “não criminal”! Como bem pontuado em nota da Associação de Profissionais da Educação de Ribeirão Preto (Aproferp), essa ação não pode ser encarada como um caso isolado, mas como invasão à escola em uma tentativa de homicídio cuja motivação remete à violência contra as mulheres.
Diante disso, a direção da CUT-SP, reafirma seu compromisso no combate à violência contra a mulher e com a luta em defesa da liberdade de cátedra e por uma cultura de paz nas escolas, reforçando ainda a campanha da Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp): Livros Sim, Armas Não!
São Paulo, 18 de agosto de 2023
Direção da CUT São Paulo