Copa: Empresas são cobradas a aderir expediente especial durante os jogos

Teve início hoje, 20 julho, a Copa do Mundo de futebol feminino, que nesta edição é realizada em dois países, Austrália e Nova Zelândia. A Seleção brasileira, no entanto, só entrará em campo a partir da próxima semana, em momentos que conflitam com o horário de expediente de grande parte dos brasileiros.

Desde então, muitas empresas e governos têm anunciado mudanças de horário para permitir que os trabalhadores e as trabalhadoras acompanhem as partidas. No ramo empresarial, dentre as que anunciaram alteração de horário, estão o grupo Boticário, a rede de farmácia Pague Menos, AbbVie Brasil, Grupo CCR, Visa, Siemens Energy e a panificadora Bimbo.

No caso dos bancos, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) enviou um pedido à federação que representa o setor para que ele se posicione sobre o horário especial. Após essa cobrança, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) disse na terça, 18, ter iniciado conversas com representantes das instituições financeiras para que ocorram mudanças no expediente.

"Neste momento em que a discussão pela igualdade de gênero está mais em evidência, até pelos avanços realizados no governo Lula, os sindicatos devem pautar as empresas para liberação ou alternativas para seus trabalhadores assistirem aos jogos. Ao possibilitar expedientes especiais, as empresas contribuem para a construção de uma sociedade muito mais inclusiva”, afirma a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, Marcia Viana.

Na maioria das empresas que aderiram a alguma flexibilização, será feita uma avaliação de acordo com o horário de cada jogo. Caso uma partida se inicie antes do expediente, os funcionários terão um tempo para chegar ao trabalho após o término, por exemplo. Em outras situações, será dado um intervalo no momento da disputa. Há também os que terão a possibilidade de fazer home-office nesses dias. 

Ao portal da CUT, a advogada Laís Carrano, do escritório LBS, explicou que as companhias não são obrigadas a dar folga e podem “cobrar” a reposição das horas paradas. “Se a empresa tem banco de horas ou compensação para essas pausas, ela pode acertar com o trabalhador como essa reposição será feita, já que não existe lei específica para a folga em horários de jogos de futebol”, disse.

Já no serviço público, o governo Lula decretou ponto facultativo para o conjunto do funcionalismo. De acordo com a norma, servidores públicos, empregados públicos, contratados temporários e estagiários da administração pública federal poderão entrar mais tarde nos dias dos jogos da Seleção – essas horas não trabalhadas deverão ser compensadas até o fim do ano.

Interior e Grande SP 

O governador Tarcísio de Freitas e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, estão sendo pressionados por parlamentares, desde a semana passada, a assinarem decretos no sentido de valorizar e incentivar a modalidade praticada pelas mulheres, além de fazer valer o mesmo tratamento dado às disputas da Copa masculina, quando há mudanças nos horários. Os dois gestores ainda não fizeram nenhuma manifestação a respeito do assunto.

Mas no interior e na Grande São Paulo, algumas prefeituras já decidiram pelo ponto facultativo, como Jundiaí, Araraquara, Ribeirão Preto, Cotia, Vinhedo, Itapevi e Assis. A prefeitura de São Carlos avalia seguir por esse caminho, mas ainda não fez o anúncio. Já em Campinas e Botucatu, as administrações públicas informaram que não farão nenhuma alteração.

Em todos os decretos assinados, os serviços considerados essenciais e de emergência seguirão em funcionamento normal.  

Diferente das edições anteriores, a Copa de 2023 já é considerada a maior de todas, pois terá 32 países participantes. No Brasil, será a primeira vez que haverá extensa cobertura e transmissão na TV aberta.