Ato em SP defende serviço público e repudia projetos de Bolsonaro, Doria e Nunes
Entidades que representam diversas categorias são contrárias às reformas administrativas que impactam o funcionalismo nas esferas municipal, estadual e federal
Publicado: 29 Outubro, 2021 - 15h31 | Última modificação: 29 Outubro, 2021 - 16h40
Escrito por: Rafael Silva e Vanessa Ramos - CUT São Paulo
Representantes de diferentes categorias do funcionalismo público paulista realizaram protestos nessa quinta-feira (28), quando é celebrado o Dia do Servidor Público. Em ato na Praça da República, região central da cidade de São Paulo, trabalhadores e trabalhadoras se colocaram contrários às ameaças de sucateamento dos serviços públicos e aos ataques aos direitos dos servidores.
“Chega desta política de privatização e de entrega do patrimônio público ao setor privado, de sucatear os serviços que hoje são prestados pelo Estado. A PEC 32 quer transformar o direito à saúde pública, à educação pública, à segurança pública, à política social em serviços a serem explorados pela iniciativa privada, que não tem caráter social e visa apenas o lucro”, afirmou o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo.
Todas os movimentos sociais e entidades sindicais foram unânimes em apontar que o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), o governador de São Paulo João Doria (PSDB) e alguns prefeitos, como Ricardo Nunes (MDB), da capital paulista, encaminharam projetos às respectivas casas legislativas que, se aprovados, irão piorar a qualidade do serviço público que é oferecido como direito à população.
Entenda os projetos
Em âmbito nacional, tramita a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32, de 2020, que trata sobre a reforma Administrativa que Jair Bolsonaro (ex-PSL) e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, desejam impor.
A proposta, que deve entrar em pauta no plenário da Câmara Federal, prevê retrocessos quanto à qualidade de serviços públicos, principalmente na saúde e na educação.
Como lembrou o vice-presidente da CUT-SP, Luiz Claudio Marcolino, projetos aprovados no Congresso costumam ter efeito cascata em todo o país, quando estados e municípios começam a propor leis locais semelhantes à proposta nacional.
“Os ataques promovidos pelos governos Bolsonaro, Doria e Nunes retiram direitos da classe trabalhadora e penalizam ainda mais os servidores e a população”, salienta.
Além da PEC 32, de 2020, Marcolino se refere ao Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 26/2021, de João Doria (PSDB), da reforma administrativa estadual, aprovado no dia 19 de outubro pelos deputados e deputadas estaduais, com 50 votos favoráveis e 29 contrários. E também ao Projeto de Emenda à Lei Orgânica (PLO) 07/21, conhecido como Sampaprev 2, aprovado em primeira sessão na Câmara Municipal no dia 14 de outubro.
Fala, povo!
Em entrevista à CUT-SP, Sabrina Teixeira, professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) CEU Butantã, falou sobre suas indignações às políticas governamentais.
Assim como grande parte do funcionalismo público, também esteve no ato na Praça da República contra as ameaças aos direitos e o sucateamento dos serviços públicos.
“A política devastadora de Bolsonaro segue com Doria e Nunes aplicando ataque aos direitos dos trabalhadores. Enquanto isso o povo não tem o que comer, está desempregado e compra osso para lembrar a carne que comia”, desabafou.
Para a técnica de enfermagem, Roseli Ilídio, o Dia do Servidor Público deveria ser de comemoração e não de protestos em defesa dos direitos.
“A política econômica desse país infelizmente pesa sobre os ombros do funcionalismo e não é justo com a população de São Paulo”, disse Roseli, que também é dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (Sindsaúde).
O desmonte dos bancos públicos também foi demarcado pelo dirigente sindical e bancário do Banco do Brasil, Antonio Netto.
“O Banco do Brasil está vivendo um desmonte com o fechamento de agências, assim como a Caixa Econômica Federal. Bancos que são muito importantes no financiamento imobiliário e investimento para a agricultura familiar, que é quem coloca comida em nosso prato. Essa não é uma luta apenas dos funcionários das empresas públicas, mas de toda a sociedade”, disse Netto.