Artigo: Dia da África é uma data de celebração e de reafirmação de laços
Confira publicação da secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Aparecida
Publicado: 29 Maio, 2023 - 20h52 | Última modificação: 29 Maio, 2023 - 21h03
Escrito por: Rosana Aparecida da Silva*

O Dia da África, celebrado em 25 de maio, é uma grande oportunidade de celebrarmos e refletirmos sobre a história, a cultura e o futuro do continente africano e de sua relação com o Brasil, país com a maior população negra fora da África.
O Dia da África remete à fundação da Organização da Unidade Africana (OUA), em 1963, na Etiópia. A OUA foi criada por líderes de 32 nações africanas que lutavam contra a colonização europeia e o apartheid. Em 2002, a OUA foi substituída pela União Africana (UA), que continua a defender os interesses e a soberania dos países africanos.
Apesar da enorme e decisiva importância do povo e da cultura africana em nosso país, o Brasil teve, historicamente, uma relação distante com a África. Foi somente a partir dos anos 1950 e 1960 que o Brasil começa a estabelecer um contato mais próximo com a África, participando de eventos como a Conferência de Bandung, em 1955 – que marcou o surgimento do movimento dos Não-Alinhados. Sendo que o novo governo Lula, que assumiu em 1º de janeiro de 2023 – assim como nos seus dois primeiros mandatos – tem demonstrado compromisso com a agenda antirracista e com o fortalecimento das relações com a África.
Apesar dos avanços nas relações entre o Brasil e a África, o racismo ainda é um desafio para a sociedade brasileira. Mesmo após 134 anos da abolição da escravidão, a população negra continua sendo a mais afetada pela pobreza e pela violência.
O Movimento Negro brasileiro e as trabalhadoras e os trabalhadores negros têm um papel essencial na luta contra o racismo, buscando alianças com setores progressistas da sociedade. Foi por meio dessas lutas que conquistamos direitos importantes, tais como a criminalização do racismo, o reconhecimento das comunidades quilombolas e a implementação de ações afirmativas.
Nas últimas décadas, o Estado brasileiro também reconheceu o caráter estrutural do racismo no país e adotou medidas para combater a desigualdade racial. Programas como o Estatuto da Igualdade Racial e a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial foram implementados com o objetivo de promover a igualdade de oportunidades e enfrentar o racismo institucional.
No entanto, essas medidas não são suficientes para eliminar o racismo da vida dos trabalhadores negros. Por isso, a luta antirracista é fundamental para as trabalhadoras e os trabalhadores representados pela CUT-SP. Essa luta não se limita à conquista de direitos e políticas de combate à discriminação racial, mas abrange também a conscientização, mobilização e resistência contra todas as formas de opressão e desigualdade que afetam a vida das trabalhadoras e dos trabalhadores negros.
O Dia da África é uma data de celebração e de reafirmação dos laços históricos, culturais e políticos entre o Brasil e a África. É também uma data de reivindicação e de luta por uma sociedade mais justa e igualitária para todos os povos africanos e afrodescendentes.
A luta antirracista é uma luta de todos nós.
Rosana Aparecida da Silva é Secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP