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Artigo: As mulheres negras latino-americanas e caribenhas e a justiça socioambiental

Publicado: 24 Julho, 2024 - 16h49 | Última modificação: 24 Julho, 2024 - 17h01

Escrito por: Solange Cristina Ribeiro - Secretária de Meio Ambiente da CUT-SP

Arte: CUT-SP
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Dia 25 de julho é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Esta não é apenas uma data de celebração, mas sim uma data em que as mulheres negras, indígenas e de comunidades tradicionais refletem e fortalecem suas organizações e sua luta contra as desigualdades, o machismo, a violência, o racismo e o racismo ambiental. No Brasil, em 2014, a Lei 12.987 estabeleceu o 25 de julho também como o Dia Nacional de Tereza de Benguela, conhecida como “Rainha Tereza”, que viveu no século XVIII, no Vale do Guaporé no Mato Grosso e liderou o Quilombo de Quariterê. 

Falar das lutas das mulheres negras latino-americanas e caribenhas é falar também sobre racismo ambiental, sobre como as crises ambientais afetam desproporcionalmente as pessoas negras e, especialmente, as mulheres negras, já que fatores como renda, nível de escolaridade, raça/cor da pele, gênero e local de residência determinam quem são as populações mais vulneráveis e impactadas.

As consequências negativas dos problemas ambientais se concentram em bairros e territórios periféricos, onde vivem famílias mais pobres, predominantemente negras e pardas, e com menos condições socioeconômicas de se prepararem para enfrentar desastres e crimes ambientais. Esses territórios são os que apresentam maiores índices de poluição do ar e das águas, são os que expõe sua população a piores condições de saúde e a maiores riscos de inundações e deslizamentos.

Tais situações de racismo ambiental e injustiça climática impactam sobretudo as mulheres negras e pardas, já que elas são as que ocupam a base da pirâmide social e já que, de acordo com a ONU, as mulheres de 25 a 34 anos têm uma chance 25% maior de viver em situação de extrema pobreza do que os homens. Elas são as mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas por estarem expostas, ao mesmo tempo, às relações desiguais de raça, etnia, gênero e classe social.

Fernando Frazão/Agência BrasilFernando Frazão/Agência Brasil
Mulheres negras são as mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas

Por outro lado, as mulheres negras são, também, as primeiras a se colocarem a serviço de soluções e acolhimentos nos momentos de emergências: elas devem ser reconhecidas como agentes fundamentais das ações que precisam acontecer para que se garanta justiça climática.

Neste sentido, a criação de políticas públicas que visem a eliminação das disparidades de classe, raça, etnia e gênero, que estão na base dos impactos desiguais dos desastres e crimes ambientais, é de suma importância.

Por tais motivos, as trabalhadora e os trabalhadores precisam construir uma Transição Ecológica Justa, uma Transição Ecológica Justa para os mais pobres e vulneráveis. Esta Transição Ecológica Justa supõe trilharmos caminhos de avanços do bem-estar social com sustentabilidade ambiental e ampliação da democracia participativa. Temos que buscar um novo modelo de desenvolvimento com diretrizes claras e objetivas quanto à preservação do meio ambiente e políticas públicas que busquem a equidade e justiça social, com distribuição de renda e riqueza, emprego decente e salário digno; com a ampliação e o fortalecimento das políticas sociais universais como saúde, educação, saneamento e proteção social especialmente para as populações mais carentes; com equidade de gênero e justiça racial.

A Secretaria de Meio Ambiente da CUT-SP encampa a luta por uma Transição Ecológica Justa, bem como a luta para eleger mulheres negras, pardas e indígenas comprometidas com a agenda da justiça socioambiental, determinante para a construção de uma sociedade mais justa, saudável e democrática.

Solange Cristina Ribeiro - Secretária de Meio Ambiente da CUT-SP