300 famílias podem ser despejadas da Ocupação da Marquesa, no interior de SP
Justiça concede reintegração de posse a proprietários de terreno de fábrica desativada em Capão Bonito; moradores não têm para onde ir
Publicado: 12 Maio, 2023 - 13h24 | Última modificação: 12 Maio, 2023 - 13h39
Escrito por: Rafael Silva - CUT São Paulo

Encerra-se nesta sexta-feira, 12 de maio, o prazo de 48 horas dado pela Justiça para que mais de 300 famílias deixem o terreno da antiga fábrica da Marquesa, que fica na cidade de Capão Bonito, no interior de São Paulo.
Até a manhã desta sexta, a prefeitura da cidade não tinha apresentado nenhuma solução para realocar essas famílias e seus pertences.
A ocupação, que ocorre desde o dia 23 de abril, é liderada pela Frente Nacional de Luta (FNL), que tem como proposta chamar a atenção sobre o déficit habitacional no estado de São Paulo, o que faz com que milhares de famílias fiquem sem moradia.
O pedido de reintegração da Marquesa foi feito pelos donos do Grupo Orsa, atuais proprietários do terreno de 57 mil metros onde funcionava uma fábrica de embalagens de madeira. Segundo vizinhos do entorno do local, o terreno estava abandonado há anos, contrariando o que diz a Constituição Federal, que determina que propriedades, mesmo privadas, precisam cumprir função social.
De acordo com o coordenador da ocupação, Carlos Caique, desde a chegada no local houve várias tentativas de diálogo com a prefeitura, sob a gestão de Julio Fernando (Podemos), na tentativa de formular políticas de habitação. Mas os moradores não receberam nenhum tipo de retorno. Caique conta, ainda, que além das famílias já acampadas na área, existe uma lista de mais 800 interessadas no movimento.
“Recebemos a ordem de despejo, mas nenhuma indicação para onde essas famílias irão. São pessoas que gastaram o pouco que tinham com materiais e fretes para os abrigos e que, agora, não possuem nenhum recurso para se realocarem”, afirma o coordenador.
Com apoio jurídico, a Frente Nacional de Lutas entrou com recurso contra a decisão e aguarda uma decisão da Justiça.